Se existe uma certeza dentro do universo dos games, é que Hideo Kojima não entrega experiências comuns. Depois de dividir opiniões com o primeiro Death Stranding, Kojima se prepara para lançar Death Stranding 2: On the Beach, sequência direta do game que redefiniu a forma como nos conectamos em mundos virtuais.
Com lançamento previsto para 2025 no PlayStation 5, essa nova jornada promete expandir os limites da narrativa interativa com novos personagens, um mundo ainda mais surreal e sistemas de jogabilidade ainda mais refinados. Mas a pergunta que paira no ar é: o que esperar realmente de Death Stranding 2? Prepare-se para um mergulho no insólito, onde o que parece desconexo na superfície carrega mensagens densas sobre vida, morte, tecnologia e, claro, conexão humana.



Diferente da proposta do primeiro jogo — que se concentrava em reconstruir uma civilização isolada após um evento apocalíptico conhecido como Death Stranding —, a sequência parece mirar em uma expansão narrativa e geográfica. Sam Porter Bridges, novamente interpretado por Norman Reedus, retorna como protagonista, mas agora acompanhado de personagens inéditos e novas ameaças. A trama nos leva para além dos Estados Unidos, em direção a locais desconhecidos, possivelmente a uma escala global.
A presença de figuras mascaradas, soldados com aparatos tecnológicos e o retorno de Fragile (Léa Seydoux) indicam uma trama com tons ainda mais densos e filosóficos, talvez mergulhando em questões de multiverso, clonagem ou mesmo o próprio conceito de identidade fragmentada. Kojima já declarou que o mundo real pós-pandemia influenciou o desenvolvimento do jogo, e isso deve ecoar em uma narrativa mais madura, mais crítica e mais sombria.


Do ponto de vista técnico, o jogo utilizará a versão aprimorada da Decima Engine — a mesma tecnologia por trás de Horizon Forbidden West — o que significa que Death Stranding 2 será um espetáculo visual. Ambientes altamente detalhados, mudanças climáticas dinâmicas e expressões faciais mais realistas devem contribuir para a imersão. Os trailers já divulgados mostram áreas costeiras, desertos alaranjados e até estruturas que lembram estações espaciais abandonadas, o que indica uma variedade maior de biomas em relação ao game anterior.
Mas mais do que beleza gráfica, Kojima costuma utilizar o visual como linguagem simbólica. Então espere ver locais visualmente impactantes que reforcem tematicamente as ideias centrais do jogo, como isolamento, esperança, medo e renascimento. O subtítulo “On the Beach” não é apenas uma referência geográfica, mas uma metáfora recorrente na obra do autor, que remete ao limiar entre a vida e a morte.


No campo da jogabilidade, os trailers mostram que a mecânica de transporte — uma das mais controversas do primeiro jogo — continuará sendo central, mas agora muito mais fluida. Há novos equipamentos, como veículos mais velozes, drones e até armamentos de tecnologia avançada, sugerindo que o combate será mais importante desta vez. Em contrapartida, o game também deve manter seu aspecto contemplativo, onde longas caminhadas e a gestão de recursos continuam sendo elementos cruciais.
Mas a grande expectativa está em torno da interação online assimétrica, marca registrada da franquia. O que será possível construir, compartilhar ou alterar em conjunto com outros jogadores agora? Será que o novo título permitirá uma colaboração global para reconstruir não apenas caminhos, mas realidades inteiras? A promessa é de uma experiência multiplayer ainda mais integrada à narrativa, o que deve abrir margem para interpretações ainda mais profundas sobre comunidade e pertencimento.


Em termos de elenco, Death Stranding 2 expande seu casting com nomes de peso como Elle Fanning e Shioli Kutsuna, além do retorno de Troy Baker como Higgs, o antagonista da história anterior. No entanto, Baker aparece em uma forma completamente transformada, com uma guitarra como arma e uma estética quase punk. Isso levanta especulações sobre o tipo de ameaça que ele representará, se é que ainda será o vilão.
Kojima é mestre em subverter expectativas, então espere reviravoltas, falsas pistas e até mesmo críticas metalinguísticas ao próprio ato de jogar e consumir entretenimento. Se em 2019 fomos apresentados à ideia de que “conectar” era o ato mais revolucionário que alguém poderia fazer, em On the Beach, talvez a reflexão vá além: conectar com o outro pode ser fácil, mas será que sabemos nos reconectar com nós mesmos depois de tanto tempo perdidos?


Portanto, o que esperar de Death Stranding 2: On the Beach? Espere o inesperado. Espere um jogo que não se limita a mecânicas tradicionais, que desafia convenções narrativas e que se posiciona como arte interativa tanto quanto como produto de entretenimento. Espere sentir desconforto, encanto, confusão e revelação, muitas vezes na mesma sequência de jogo. Espere um mundo pós-pandêmico refletido em pixels, mas também um espelho psicológico do nosso tempo. Kojima nunca entrega uma experiência simples — ele entrega camadas. E se você está disposto a mergulhar fundo em um oceano metafórico, On the Beach pode ser um dos títulos mais provocativos e originais da geração.
